Prefeito de Pesqueira é acusado de fraudar R$ 15,7 milhões em licitações para pagar apoio político

Polícia Civil aponta esquema de corrupção comandado por Cacique Marcos; empresários que financiaram campanha teriam sido recompensados com contratos públicos

O prefeito de Pesqueira, Cacique Marcos Xukuru (Republicanos), foi afastado do cargo após ser acusado pela Polícia Civil de Pernambuco de liderar um esquema de fraudes em licitações com objetivo de recompensar empresários que financiaram sua campanha eleitoral em 2020. A investigação estima um rombo de R$ 15,7 milhões aos cofres públicos.

As acusações fazem parte da Operação Pactum Amicis, deflagrada nesta quinta-feira (3), que cumpriu 15 mandados de busca e apreensão, além de mandado de afastamento de cargo e prisão preventiva em Pesqueira, Alagoinha e Arcoverde. Os investigados também tiveram bloqueio judicial de R$ 15,7 milhões.

Segundo o delegado Jeová Miguel, da Delegacia de Combate à Corrupção (DECCOR), 15 licitações foram direcionadas entre janeiro de 2021 e setembro de 2022. Os principais contratos envolviam fornecimento de materiais de construção e locação de veículos.

“Essas fraudes beneficiaram quatro empresários locais. Três atuavam na área de engenharia e locação, e um no setor de dedetização”, explicou o delegado.

Acordos políticos disfarçados de contratos públicos

A Polícia Civil afirma que os empresários favorecidos doaram recursos à campanha de Cacique Marcos, e foram, posteriormente, contemplados com contratos públicos superfaturados. Os valores das doações não foram divulgados.

Cacique Marcos foi eleito em 2020, mas não pôde assumir o cargo por conta de uma condenação na Justiça Federal. No entanto, foi nomeado secretário de Governo e Planejamento pelo prefeito interino Bal de Mimoso (Republicanos), seu aliado.

“Mesmo fora do cargo, ele mantinha influência direta sobre a gestão municipal”, disse o delegado. Não há indícios, até o momento, de que Bal de Mimoso estivesse envolvido no esquema.

Ex-vereadores e servidores públicos também são investigados

A operação também teve como alvos os ex-vereadores Sil Xukuru e Pastinha Xukuru, suspeitos de participar das fraudes. Segundo a investigação, servidores foram alocados estrategicamente em comissões de licitação para facilitar os esquemas. Uma das empresas envolvidas, por exemplo, era comandada por um servidor que também atuava como assessor de compras da prefeitura.

A Promotoria de Justiça já havia apontado Cacique Marcos como réu por improbidade administrativa, em ação movida pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE). A denúncia, aceita em janeiro deste ano, afirma que os principais beneficiados pelos contratos eram Aurycleia Pereira de Souza e Osmano Vieira de Melo, casal que tinha familiares empregados em cargos comissionados na Prefeitura. Outro nome citado é o do empresário Albérico Diógenes Ferreiraparente do então diretor do Departamento de Compras do município.

Prefeitura e empresários não se pronunciaram

Prefeitura de Pesqueira foi procurada, mas não respondeu até a publicação desta reportagem. Os empresários Aurycleia, Osmano e Albérico também não foram localizados para comentar as acusações.

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