Prefeitura de Ipojuca decreta luto pela morte do guarda municipal

Guarda municipal é morto a pauladas por adolescente em Ipojuca após aplicar multa meses antes

O guarda de trânsito Carlos Henrique de Medeiros Alves, de 45 anos, morreu após ser espancado a pauladas por um adolescente de 17 anos em um posto de combustíveis às margens da BR-101, no município de Ipojuca, Litoral Sul de Pernambuco. O servidor estava de folga e lavava o carro quando foi atacado. Segundo a polícia, o crime teria sido motivado por vingança: três meses antes, o adolescente havia sido multado por pilotar uma moto sem habilitação.

O espancamento brutal aconteceu na noite da quarta-feira (2/7). Câmeras de segurança registraram o momento em que o jovem se aproxima por trás do guarda, que estava sentado, e o atinge diversas vezes com um pedaço de madeira. Carlos Henrique foi socorrido em estado grave e levado à UPA de Ipojuca, sendo transferido em seguida ao Hospital da Restauração, no Recife. A morte cerebral foi confirmada às 22h30 da quinta (3/7).


👤 Vítima era servidor há 14 anos

Carlos Henrique atuava há 14 anos na Guarda Municipal de Ipojuca. Era conhecido como servidor exemplar, pai de um menino de 12 anos e muito próximo da família.

“Parte de mim foi embora”, disse a irmã, a enfermeira Bárbara Cristina, emocionada.
“Eu fui ao hospital, orei, pedi pra ele voltar. Disse que daria tudo pra tê-lo de volta, porque sem ele, metade de mim já se foi.”

Segundo ela, o irmão nunca havia se envolvido em situações de violência no trabalho, apesar de atuar em blitze e operações urbanas.


🚨 Crime premeditado por “ódio guardado”, diz advogado

De acordo com o advogado Eduardo Moura, que representa o sindicato da categoria, o adolescente guardava ressentimento desde abril, quando foi abordado por Carlos Henrique por dirigir sem habilitação uma moto sem placa, que acabou apreendida.

“Foi um crime premeditado, covarde, sem chance de defesa. O menor se armou com um porrete e atingiu o guarda pelas costas enquanto ele lavava o carro na folga”, relatou Moura.

O advogado ainda destacou que o servidor era pai, esposo e profissional dedicado:

“A criança ainda não sabe da morte do pai. A esposa está emocionalmente devastada.”


🧑‍⚖️ Adolescente apreendido por ato análogo a homicídio

O adolescente foi apreendido pela Polícia Civil ainda no mesmo dia da agressão e levado ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no Recife. Como é menor de idade, seu nome não foi divulgado, conforme prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Ele responde por ato infracional análogo à tentativa de homicídio, que agora deve ser reclassificado como homicídio consumado.


🗣️ Sindicato cobra segurança e respaldo legal

O presidente do Sindicato dos Guardas Municipais de Ipojuca, Anselmo Ferreira, afirmou que o caso escancara a exposição e os riscos enfrentados diariamente pelos agentes.

“Infelizmente, é parte da nossa rotina. Somos treinados, atuamos com preparo, mas tragédias como essa mostram a urgência de mais garantias e respaldo legal”, disse.

Ele também mencionou o apoio do sindicato à família de Carlos Henrique e defendeu a aprovação da PEC 53, que reconhece os guardas como polícia municipal e amplia seus direitos.


🕊️ Luto oficial e homenagens

Em reconhecimento aos 14 anos de serviços prestados por Carlos Henrique, a Prefeitura de Ipojuca decretou luto oficial de três dias. A comoção nas redes sociais foi imediata, com colegas e moradores prestando homenagens.

O caso segue em investigação pela Delegacia de Ipojuca, que tenta identificar se houve participação de terceiros no planejamento da agressão.

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