Prefeitura do Recife dá desconto a bets e vira ‘sócia’ do tigrinho

Em silêncio e em regime de urgência, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), aprovou uma mudança no Código Tributário Municipal que reduz de 5% para 2% o ISS cobrado de empresas de apostas esportivas, os chamados bets. A medida, já em vigor desde 2 de abril, equipara as casas de apostas ao setor de Tecnologia da Informação do Porto Digital — um dos principais motores da economia criativa da cidade.

O benefício fiscal, que não foi amplamente divulgado pela Prefeitura, gerou uma reação em cadeia de críticas vindas do setor de saúde, da oposição política e até da base aliada do governo estadual. Enquanto clínicas e hospitais continuam pagando 5% de ISS, as plataformas de jogos de azar recebem um alívio tributário que, segundo a gestão, é necessário para impedir que o setor migre para capitais como São Paulo e Rio de Janeiro.

“Durante a pandemia, o setor de saúde foi essencial e pediu uma alíquota menor. Nunca fomos atendidos. Agora, as bets são premiadas”, protestou George Trigueiro, presidente do Sindhospe, entidade que representa hospitais e clínicas privadas.

“Tigrinho subsidiado” pela Prefeitura

Na Assembleia Legislativa de Pernambuco, o assunto virou pauta e gerou embate nesta segunda-feira (19). A deputada estadual Socorro Pimentel (União Brasil), líder do governo Raquel Lyra, classificou a decisão como “equívoco moral”“incentivo à miséria”.

“Enquanto o polo médico paga 5%, negócios que alimentam o vício e a destruição das famílias vão pagar 2%. Estamos vivendo uma epidemia silenciosa de dependência”, disse.

O deputado Renato Antunes (PL) também foi duro: “Quem faz quimioterapia paga mais imposto que quem aposta no tigrinho. Isso diz muito sobre as prioridades da Prefeitura do Recife.”

Defesa do PSB: R$ 65 milhões em jogo

Aliado de João Campos, o deputado Rodrigo Farias (PSB) saiu em defesa da medida. Ele afirmou que a manutenção da alíquota anterior teria levado empresas do setor a deixar o Recife, o que poderia resultar em uma perda anual estimada de R$ 65 milhões em arrecadação.

“Esses recursos vão para obras de infraestrutura. A escolha foi entre arrecadar menos ou perder tudo para outras capitais”, justificou Farias.

A Prefeitura também defendeu o projeto em nota enviada ao Movimento Econômico, afirmando que não houve renúncia fiscal, já que o setor foi recentemente regulamentado e antes não pagava nada ao município. Segundo a gestão, os R$ 60 milhões previstos em arrecadação serão usados em educação, saúde e infraestrutura, incluindo a construção de 8 creches e 8 unidades de saúde.

Setor de saúde reage e cobra isonomia

O setor de saúde, no entanto, não comprou o discurso. Há anos, hospitais pedem uma redução do ISS de 4% para 2%, o que permitiria maior capacidade de investimento e expansão. O Sindhospe propôs ainda uma solução mista: metade da alíquota paga em dinheiro, e metade convertida em atendimentos à população, como mutirões de cirurgias e exames para o SUS — o que foi ignorado pela gestão.

“O Recife diz que não pode abrir mão de receita, mas quando se trata de apostas, a regra muda. Estamos sufocados com custos, sem reajuste de planos e com dívidas com o INSS”, afirma Trigueiro.

Polêmica sem transparência

Aprovado em tempo recorde e sem alarde, o projeto de lei 02/2025 foi enviado pelo Executivo e aprovado no mesmo mês, em 31 de março, sem audiência pública e sem campanha informativa. O novo texto altera a Lei nº 15.563/1991, e dá às bets o mesmo benefício fiscal concedido a empresas de tecnologia que atuam no Porto Digital, mas com abrangência para todo o território do Recife.

Enquanto isso, outras propostas com impacto social, como a inclusão de hospitais e clínicas no programa de reocupação urbana Recentro, continuam sem avanço.

“Propusemos levar clínicas e laboratórios para o centro da cidade com retrofit em imóveis antigos, mas não houve abertura para o diálogo”, afirma o presidente do Sindhospe.

Apostas, miséria e voto

O debate também esquentou por envolver uma questão política sensível: as apostas online têm crescido em áreas mais pobres, com relatos de uso até de recursos do Bolsa Família em jogos. A oposição vê a medida como populismo fiscal com consequências sociais graves.

“O Brasil está sendo arrastado para o vício. A Prefeitura virou patrocinadora oficial das bets”, acusou Renato Antunes.

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