Professora assassinada horas antes de novo depoimento seria peça central em inquérito que investiga esquema de emendas parlamentares

💥 Testemunha-chave é executada antes de depor sobre desvio de R$ 27 milhões em Ipojuca.

A Polícia Civil de Pernambuco investiga o assassinato da professora Simone Marques, de 46 anos, morta a tiros na tarde da última terça-feira (28), em Ipojuca, Região Metropolitana do Recife. Horas antes de ser executada, Simone havia estado na Delegacia de Porto de Galinhas para prestar depoimento no inquérito que apura o desvio de R$ 27 milhões em emendas parlamentares da Câmara Municipal do município.

Simone, que lecionava na Faculdade Novo Horizonte (FNH) — instituição citada na investigação —, chegou à delegacia por volta das 12h40, acompanhada de um advogado. O depoimento, porém, foi adiado, já que outra oitiva estava em andamento. Ela deixou o local cerca de 20 minutos depois, com nova data marcada para o dia seguinte.

Poucas horas mais tarde, às 15h55, vizinhos relataram disparos de arma de fogo na Rua Ana Maria Dourado, no Centro de Ipojuca. A professora foi encontrada sem vida no quintal da própria casa, onde morava com os pais.

O crime está sendo tratado como homicídio consumado e é investigado pela Força-Tarefa de Homicídios da Região Metropolitana Sul (PCPE). Nenhum suspeito foi preso até o momento.


⚖️ A peça que faltava na investigação

Simone Marques era considerada testemunha-chave no inquérito que apura o desvio de cerca de R$ 27 milhões em recursos públicos destinados a projetos sociais e educacionais. As verbas, oriundas de emendas parlamentares impositivas, deveriam financiar cursos e programas de capacitação, mas, segundo as investigações, nunca foram executadas.

O caso é alvo da Operação Alvitre, deflagrada em 2 de outubro pela Polícia Civil em parceria com o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do MPPE (Ministério Público de Pernambuco).

Na ação, três mulheres foram presas e quatro homens permanecem foragidos. Foram cumpridos 21 mandados de busca e apreensão e sete de prisão preventiva. As investigações apontam que o grupo utilizava instituições de fachadapara desviar recursos sob a justificativa de promover ações educacionais.


🏛️ Repercussão e desdobramentos

Em nota, a Prefeitura de Ipojuca afirmou que as irregularidades investigadas estão relacionadas à gestão anterior, encerrada em 2024, e que nenhum órgão da atual administração foi alvo da operação. O Executivo municipal declarou “colaboração plena com as autoridades competentes” e anunciou novas medidas de transparência e controle das emendas impositivas.

Faculdade Novo Horizonte, mantida pelo Instituto Nacional de Ensino, Sociedade e Pesquisa (Inesp), também se manifestou. A instituição negou envolvimento direto no esquema e afirmou não ter recebido recursos públicos nos períodos investigados. Segundo nota, sua atuação teria se limitado à execução de serviços educacionais subcontratados.


🔎 Linha de investigação

Fontes ligadas à investigação afirmam que a morte de Simone pode ter relação direta com o esquema de corrupção, uma vez que ela conhecia detalhes de convênios e repasses sob suspeita.

A Polícia Civil e o Ministério Público apuram se o crime foi uma queima de arquivo.

O caso é tratado com prioridade máxima, e as autoridades admitem a possibilidade de um mandante ligado ao grupo investigado.


⚠️ O mistério que ameaça calar uma testemunha-chave

A execução de Simone levanta novas dúvidas sobre o alcance da rede de corrupção que opera em Ipojuca e sobre a proteção de testemunhas em casos envolvendo desvio de verbas públicas.

A morte ocorre em meio à pressão crescente sobre os parlamentares e empresários citados no inquérito, reacendendo o debate sobre a segurança de delatores e colaboradores no combate à corrupção.


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