R$ 900 mil e um pen drive: ministro do STJ pagou servidor suspeito de vender sentenças, aponta PF

DO UOL

🕵️‍♂️ Polícia Federal investiga chefe de gabinete de Og Fernandes por repassar decisões sigilosas a grupo criminoso; ministro fez pagamentos mensais entre 2020 e 2023

O ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), repassou quase R$ 900 mil ao seu então chefe de gabinete, Rodrigo Falcão, hoje investigado pela Polícia Federal por suposto envolvimento em um esquema de venda de sentenças no tribunal. Os valores foram transferidos entre março de 2020 e dezembro de 2023. A informação consta de relatório obtido a partir da quebra de sigilo de Falcão.

Segundo a PF, Falcão recebia mensalmente entre R$ 15 mil e R$ 30 mil, além do salário oficial de R$ 14 mil pagos pelo STJ. O próprio ministro confirmou os repasses, justificando que o servidor era responsável pelo pagamento de boletos e pela organização financeira da família. “As operações foram realizadas dentro das atribuições do cargo, conforme o manual interno do STJ”, diz nota oficial de Og Fernandes.

👨‍⚖️ Investigado como “faz-tudo” do ministro

Em buscas realizadas pela PF, os agentes encontraram na residência de Falcão um pen drive com dados bancários e fiscais de Og Fernandes e sua esposa, Roberta Leocadie Caldas Marques, além de comprovantes de rendimentos e documentos pessoais. A perícia apontou que Falcão tinha acesso irrestrito às finanças do ministro, atuando como uma espécie de “ajudante de ordens” dentro e fora do gabinete.

“O servidor informava o valor a ser pago, e o ministro repassava o dinheiro para ele”, declarou o magistrado. O vínculo entre os dois, segundo a PF, extrapolava as funções formais, envolvendo uma relação de confiança pessoal e acesso a informações confidenciais.

📤 Vazamento de decisão sigilosa

A apuração indica que Rodrigo Falcão pode ter vazado decisões de Og Fernandes ao lobista Andreson Gonçalves, preso em Brasília e apontado como operador do esquema. A PF identificou que Andreson compartilhou com um advogado uma decisão sigilosa do ministro relacionada à operação Faroeste, que investiga a venda de decisões judiciais no TJ da Bahia.

A perícia confirmou que o documento vazado foi editado no computador de Falcão. Mensagens extraídas do celular da esposa do servidor também indicam que ele buscava informações sobre processos sigilosos no gabinete de Og.

🧭 R$ 900 mil sob suspeita, mas ministro não é investigado

O relatório da PF afirma que, por ora, os pagamentos do ministro não levantam suspeitas diretas contra ele. Ainda assim, os investigadores destacam que a coincidência entre as transferências mensais e os atos investigados não pode ser ignorada.

Apesar da gravidade dos indícios, nenhum ministro do STJ é formalmente investigado na operação Sisamnes. A PF concentra as suspeitas em servidores dos gabinetes de quatro magistrados: Og Fernandes, Paulo de Tarso Sanseverino (in memoriam), Nancy Andrighi e Isabel Gallotti.

🎩 Relógios de luxo e patrimônio incompatível

Além do conteúdo do pen drive, a PF encontrou na casa de Falcão três caixas de relógios Rolex e outros sinais de patrimônio incompatível com sua renda. Em fases anteriores da investigação, o órgão já havia apontado enriquecimento inexplicado por parte do servidor.

A defesa de Rodrigo Falcão não se manifestou. O espaço segue aberto.

📜 Nota do ministro

Em nota, Og Fernandes afirmou que Falcão atuou como seu chefe de gabinete de 2008 até novembro de 2024, quando foi afastado por decisão do STF. O ministro diz que o ex-servidor “sempre agiu dentro das normas internas do tribunal” e que qualquer irregularidade deve ser punida.

“Quem cometer ato ilícito deve assumir as consequências legais cabíveis, respeitando-se o contraditório e a ampla defesa”, conclui o ministro.

🛡️ DEFESA ALEGA ROTINA ADMINISTRATIVA, MAS PF INVESTIGA SUSPEITA DE VENDA DE SENTENÇAS

O ministro Og Fernandes afirma que os R$ 899 mil pagos ao ex-chefe de gabinete foram usados apenas para tarefas administrativas, como pagamento de contas e apoio pessoal — tudo “dentro das atribuições legais do cargo”.

🚨 Já a Polícia Federal aponta Rodrigo Falcão como elo de um esquema de venda de decisões judiciais no STJ. Na casa do servidor, foram achados documentos pessoais do ministro, extratos bancários, e pen drive com dados sensíveis.

💥 Perícia da PF concluiu que decisão sigilosa do ministro foi editada por Falcão e repassada a lobistas. Investigação mira possível vazamento de informações estratégicas para um grupo criminoso.

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