Sanções de Trump contra Moraes podem atingir Barroso, Gilmar e Gonet

Governo dos EUA avalia ampliar punições econômicas a outros ministros do STF, a depender da reação à primeira medida

O governo dos Estados Unidos, sob comando de Donald Trump, estuda expandir as sanções econômicas contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para outros integrantes da Corte. Um rascunho em circulação no Departamento de Estado prevê que a cada 60 dias as punições impostas a Moraes sejam reavaliadas, podendo ser renovadas, ampliadas ou revogadas de acordo com a resposta institucional do STF.

A proposta, articulada por aliados de Jair Bolsonaro em Washington, abre caminho para que ministros como Luís Roberto BarrosoGilmar Mendes e o procurador-geral da República, Paulo Gonet, também sejam alvo das chamadas sanções OFAC — sigla para Office of Foreign Assets Control, o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros do Departamento do Tesouro americano.

A iniciativa está sendo coordenada diretamente pelo secretário de Estado, Marco Rubio, e pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent, ambos próximos do ex-presidente Trump. Segundo fontes do bolsonarismo envolvidas na discussão, a ideia é usar o mesmo modelo adotado contra o procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI), Karim Khan, sancionado após emitir um mandado de prisão contra o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu.

A primeira menção pública à possibilidade de punir Moraes veio do próprio Rubio, em uma audiência no Congresso americano na semana passada, ao ser questionado pelo deputado republicano Cory Mills, da Flórida.

“Isso está sob análise no momento e há uma grande possibilidade de que aconteça”, disse Rubio, em tom de alerta.

‘Pena de morte financeira’

As sanções da OFAC são conhecidas nos EUA como “pena de morte financeira”, por afetarem diretamente contas bancárias, poupanças, cartões de crédito e outras transações no sistema financeiro internacional. Elas se amparam na Lei Magnitsky, criada em 2012 para punir autoridades estrangeiras acusadas de violações graves de direitos humanos.

Bolsonaristas têm pressionado o governo Trump com o argumento de que decisões de Moraes no Brasil, como a derrubada de perfis em redes sociais e a suspensão temporária da plataforma X (ex-Twitter), impactam diretamente cidadãos americanos e empresas com sede nos EUA — entre elas a própria X, controlada por Elon Musk, hoje assessor sênior de Trump.

Entre os principais articuladores da ofensiva está o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que desde fevereiro vive nos Estados Unidos e tem promovido encontros com congressistas e figuras-chave do trumpismo.

Lista em expansão

Os nomes de GonetBarroso e Gilmar Mendes são considerados potenciais alvos de futuras rodadas de sanções. Embora nenhuma medida concreta tenha sido tomada ainda, fontes ligadas à articulação afirmam que a estratégia é avançar em etapas, minando a credibilidade do STF e pressionando por recuos em julgamentos-chave, como o que tornou Bolsonaro réu por tentativa de golpe.

Gilmar, visto como um dos ministros mais influentes do Supremo, é considerado o “padrinho” da indicação de Gonet para a Procuradoria-Geral da República. Ambos são próximos de Moraes e do ministro Flávio Dino, nomeado por Lula. Barroso, atual presidente do STF, comandará a Corte até outubro de 2025 — período que deve coincidir com a fase mais delicada dos julgamentos envolvendo Bolsonaro.

Impacto internacional

Aliados de Trump enxergam semelhanças entre o caso brasileiro e o de Israel no TPI. A alegação é que, assim como o TPI poderia afetar soldados americanos ao acusar Israel, decisões de Moraes e de outros ministros brasileiros também teriam repercussões diretas nos EUA — especialmente sobre cidadãos com dupla nacionalidade ou empresas americanas.

Um exemplo citado é o do jornalista Paulo Figueiredo, denunciado por Gonet e que também possui cidadania americana. A defesa bolsonarista sustenta que perseguições judiciais como essa poderiam justificar as sanções com base na proteção de direitos fundamentais e liberdades civis.

A ampliação das punições, no entanto, dependerá do clima político entre Brasília e Washington após a adoção das primeiras sanções contra Moraes. Segundo fontes próximas à articulação, a inclusão de novos nomes “pode levar meses”, mas o roteiro já está pronto.

Com Trump na Casa Branca, Embaixada dos EUA muda tom em conversas com STF

Representantes de Washington passaram a questionar ministros sobre o 8 de janeiro e o julgamento de Bolsonaro

A mudança de comando na Casa Branca já provoca efeitos visíveis na relação entre os Estados Unidos e o Supremo Tribunal Federal (STF). Desde a posse de Donald Trump, ministros da Corte relatam um “novo tom” nas conversas com representantes da Embaixada americana em Brasília.

Segundo relatos obtidos pela coluna, temas antes considerados sensíveis ou diplomáticos — como os atos golpistas de 8 de janeiro e as investigações contra Jair Bolsonaro — passaram a ser abordados de forma mais direta e crítica por integrantes do corpo diplomático dos EUA.

“É uma mudança completa em relação ao que víamos nas gestões anteriores”, confidenciou um magistrado que mantém interlocução frequente com diplomatas estrangeiros.

O movimento é interpretado dentro do STF como um alinhamento da missão diplomática com o novo governo Trump, que tem dado sinais públicos de hostilidade em relação ao Judiciário brasileiro, especialmente ao ministro Alexandre de Moraes.

Na última quarta-feira (21), o secretário de Estado americano, Marco Rubio, afirmou ao Congresso dos EUA que o governo Trump estuda impor sanções contra Moraes, sob o argumento de violação de liberdades individuais e perseguição política. A declaração acendeu um alerta vermelho no Planalto.

O presidente Lula reagiu de imediato e determinou ao Itamaraty uma resposta “firme e proporcional”. Segundo assessores, Lula vê qualquer tipo de sanção contra um magistrado do STF como “ataque frontal à soberania nacional”.

Enquanto isso, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente e deputado licenciado, segue articulando nos bastidores com aliados de Trump para acelerar a aplicação das sanções. Eduardo, que vive nos Estados Unidos desde fevereiro, tem dito a interlocutores que espera uma definição nas próximas duas semanas.

Fontes diplomáticas ouvidas pela reportagem reconhecem que a pressão contra Moraes e o STF deve aumentar nos próximos meses, conforme o julgamento de Bolsonaro avança no Supremo e as investigações da tentativa de golpe ganham novos desdobramentos.

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Sanções de Trump contra Alexandre de Moraes podem ser estendidas a outros ministros do STF

  • O governo Trump avalia sanções econômicas contra o ministro Alexandre de Moraes, com revisões a cada 60 dias.
  • Outros ministros do STF e integrantes do Judiciário podem ser incluídos nas sanções, dependendo da reação institucional.
  • A medida é articulada por aliados de Jair Bolsonaro nos EUA, incluindo Eduardo Bolsonaro, que está nos Estados Unidos desde fevereiro.
  • As sanções seriam aplicadas via lei Magnitsky, usada para punir autoridades estrangeiras acusadas de violar direitos humanos.
  • O secretário de Estado Marco Rubio afirmou ao Congresso dos EUA que as sanções contra Moraes estão “em análise com grande possibilidade de acontecer”.
  • A ofensiva se inspira nas sanções contra o Tribunal Penal Internacional (TPI), aplicadas por Trump em 2024 após o pedido de prisão de Benjamin Netanyahu.
  • Entre os nomes cotados para uma segunda leva de sanções estão: Luís Roberto BarrosoGilmar Mendes e o procurador-geral Paulo Gonet.
  • A estratégia é minar a credibilidade do STF e criar ambiente político para a anistia dos envolvidos no 8 de janeiro.
  • Sanções incluem bloqueio de contas bancárias, cartões e restrições de negócios com os EUA – apelidadas de “pena de morte financeira”.
  • O governo brasileiro vê qualquer sanção contra ministros do STF como um ataque à soberania nacional.

🇺🇸 

Sob Donald Trump, Embaixada dos EUA no Brasil muda tom na relação com STF

  • Ministros do STF relatam mudança de postura da Embaixada dos EUA em Brasília após a volta de Trump à presidência.
  • Temas como o 8 de janeiro e o julgamento de Bolsonaro passaram a ser discutidos de forma mais incisiva e crítica.
  • Diplomatas americanos que antes evitavam opinar agora questionam decisões da Corte diretamente.
  • Um ministro do STF resumiu: “A chegada de Trump mudou completamente o tom dos diálogos”.
  • O secretário de Estado Marco Rubio anunciou que os EUA estudam punir Alexandre de Moraes por supostas violações de liberdades.
  • Lula ordenou ao Itamaraty uma resposta firme, classificando a eventual sanção como “ataque frontal à soberania”.
  • Eduardo Bolsonaro, articulador da ofensiva, espera que as sanções contra Moraes sejam anunciadas em até duas semanas.
  • O STF teme que a retórica da nova gestão americana se transforme em pressão direta sobre o Judiciário brasileiro.
  • Relação diplomática entre Brasília e Washington entra em zona de tensão inédita desde a redemocratização.

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