“SE BEBIA, QUERIA MATAR A MULHER”: VIZINHOS RELATAM ROTINA DE VIOLÊNCIA ANTES DE TRAGÉDIA NA IPUTINGA

A comunidade Icauã, na Iputinga (Zona Oeste do Recife), ainda tenta entender o incêndio que matou Isabele Macedo, 40 anos, grávida de dois meses, e quatro de seus filhos no sábado (29). No local, onde a família vivia há mais de dez anos, os relatos convergem para um ponto: a violência doméstica fazia parte da rotina.

Isabele era vista como uma mulher discreta, dedicada aos filhos e de convivência tranquila. Já o companheiro, Aguinaldo José Alves, conhecido como “Guel”, era descrito por moradores como alguém que mudava radicalmente quando bebia. Segundo a aposentada José Carolina, 83, a relação era marcada por agressões constantes.

“Se o marido tomava uma, queria matar a mulher. Terminou morrendo a mulher mesmo”, contou.

A vizinha Maria José de França, 53, afirma que a vítima apanhava com frequência.

“Ele, quando bebia, estranhava os outros e queria dar nela. Muitas vezes ela apanhava dele.”
Ela relatou ainda que ouviu que, no dia da tragédia, Guel teria trancado e amarrado Isabele antes de atear fogo no barraco — versão citada por outros moradores.

O cotidiano da família girava em torno das crianças: “todos os dias ela levava os filhos para a creche pela manhã e voltava empurrando um carrinho com os menores”. Apesar da presença constante das crianças no entorno, o casal interagia pouco com vizinhos e quase sempre permanecia dentro de casa.

Outro morador, que preferiu não se identificar, disse conhecer o casal há uma década. Segundo ele, Guel “bebia sua cachaça”, mas os conflitos aconteciam apenas dentro da residência, longe dos olhos da comunidade.

PEDIDOS DE SOCORRO IGNORADOS

Uma vizinha afirmou que as crianças pediam ajuda com frequência, colocando as mãos para fora da casa.

“Eles gritavam ‘socorro!’. Mas o pessoal finge que não vê”, disse.
O medo de represálias e a naturalização da violência teriam calado a comunidade.
“Aqui é isso: fingir que não vê e viver.”

Ela também relatou que Isabele tentava sair da relação, mas não tinha para onde ir.

“Ela dizia que não aguentava mais. A mãe ia fazer um primeiro andar e ela ia sair desse inferno.”

AÇÃO DO PODER PÚBLICO

A Prefeitura do Recife iniciou na segunda (1º) a limpeza do terreno e o apoio às famílias atingidas. Segundo o município, 20 das cerca de 30 moradias foram afetadas. Equipes de saúde, assistência social e direitos humanos prestam atendimento, incluindo emissão de documentos, acolhimento em abrigo, distribuição de cestas básicas, colchões, kits de higiene e auxílio-funeral.

No domingo (30), as estruturas em risco foram demolidas. A USF+ Olinto de Oliveira atendeu 55 moradores com equipe multiprofissional — entre eles crianças, idosos e uma gestante.

DETENÇÃO DO SUSPEITO

O Corpo de Bombeiros foi acionado às 12h20 e enviou oito viaturas para controlar o fogo, que se espalhou rapidamente pelos barracos de madeira. As chamas foram contidas por volta das 16h30.
Vídeos mostram o momento em que Guel foi detido. Segundo a Secretaria de Defesa Social, ele estava sendo linchado por moradores e foi levado sob custódia para um hospital. A Justiça decretou sua prisão preventiva.🔥 INCÊNDIO NA IPUTINGA: OS GRITOS IGNORADOS

🟥 1. “SE BEBIA, QUERIA MATAR A MULHER” – RELATOS SE REPETEM

Vizinhos descrevem Aguinaldo (“Guel”) como violento quando bebia.
A comunidade contou que Isabele apanhava com frequência.

🟧 2. CRIANÇAS PEDIAM SOCORRO — A SOCIEDADE FEZ DE CONTA QUE NÃO VIA

Vizinhos relatam que os filhos gritavam por ajuda da janela.
“Socorro, tia! Me ajuda!”, mas ninguém intervia por medo.

🟨 3. ROTINA DE SUBMISSÃO: DA CRECHE DIRETO PARA CASA

Isabele vivia para os filhos, não socializava.
O companheiro não permitia que ela ultrapassasse “a porta”.

🟩 4. A AMEAÇA ANUNCIADA

“Eu vou sair desse inferno”, ela dizia a uma vizinha.
Planejava fugir quando a mãe construísse um 1º andar para acolhê-la.

🟦 5. A TRAGÉDIA: TRANCOU, AMARROU E INCENDIOU

Relatos: Guel teria trancado e amarrado Isabele antes de atear fogo.
O incêndio matou a mulher (grávida) e quatro filhos.

🟪 6. 20 CASAS AFETADAS — 5 VÍTIMAS MORTAS

A tragédia devastou a comunidade Icauã.
20 das 30 moradias atingidas. Cinco mortos confirmados.

⚫ 7. O PERFIL DO AGRESSOR: “BONZINHO PRA RUA, MONSTRO EM CASA”

Gentil com vizinhos, agressivo com a família.
A violência doméstica era invisível, mas constante.

🔴 8. O CICLO DO MEDO

Medo de represália. Medo de denunciar.
Uma sociedade que “finge que não vê e vive”.

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