Tatuagem causa câncer? Estudo aponta riscos; SAIBA MAIS
Uma pesquisa conduzida na Suécia trouxe à luz uma conexão inesperada entre a presença de tatuagens e um aumento no risco de desenvolver linfoma, uma forma de câncer sanguíneo. Embora esse achado sugira uma possível correlação, ainda não se pode afirmar uma relação causal direta, sendo necessárias investigações adicionais para tal conclusão.
O estudo, publicado na revista científica eClinicalMedicine, do renomado grupo Lancet, foi elogiado por médicos independentes por sua robustez, porém, ressaltam a importância de interpretar os resultados com cautela. Guilherme Perini, hematologista do Hospital Israelita Albert Einstein, salienta que o estudo gera mais questionamentos do que respostas definitivas, acendendo uma “luz amarela” de alerta.
Vanderson Rocha, professor de Hematologia e Terapia Celular da Faculdade de Medicina da USP, destaca que a mensagem principal do estudo não é proibir tatuagens, mas sim enfatizar a importância de um acompanhamento mais rigoroso para aqueles que optam por esse tipo de arte corporal, sugerindo check-ups anuais como medida preventiva.
O estudo sueco, baseado em registros nacionais suecos, examinou casos de linfoma maligno diagnosticados entre 2007 e 2017, envolvendo mais de 11,9 mil participantes. Os resultados revelaram que pessoas com tatuagens apresentavam um risco 21% maior de desenvolver linfoma em comparação com aqueles sem tatuagens, com o risco sendo mais elevado nos primeiros dois anos após tatuar e aumentando significativamente após 11 anos.
No entanto, especialistas advertem que os resultados podem estar sujeitos a viéses e necessitam de confirmação em estudos futuros. Christel Nielsen, epidemiologista da Universidade de Lund e autora principal do estudo, ressalta que os achados devem ser interpretados em nível de grupo e não devem ser extrapolados para avaliar o risco individual.
Embora a pesquisa ofereça insights importantes, ainda há muito a ser compreendido sobre os efeitos a longo prazo das tatuagens na saúde. A composição das tintas utilizadas também é motivo de preocupação, pois alguns componentes são classificados como cancerígenos pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC).
Além disso, o tratamento a laser para remoção de tatuagens também foi associado a um risco aumentado de linfoma, levantando questões sobre os potenciais efeitos carcinogênicos dos compostos presentes nas tintas.
Enquanto novas pesquisas são necessárias para validar essas descobertas, especialistas enfatizam a importância de uma abordagem cautelosa e do acompanhamento médico para aqueles com tatuagens, mantendo-se atentos a possíveis sintomas que possam estar relacionados ao linfoma.