Uso de armas de gel gera 109 denúncias em 10 dias na Região Metropolitana do Recife

No Diário de Pernambuco

Nos últimos dez dias, a Polícia Militar de Pernambuco recebeu 109 chamados pelo telefone 190 com reclamações sobre o uso de armas de gel, popularmente conhecidas como gel blasters, em toda a Região Metropolitana do Recife. O número equivale a uma média de mais de dez ocorrências por dia.

Sem regulamentação específica, a Secretaria de Defesa Social (SDS) destacou a subjetividade das situações envolvendo essas armas e apelou para que os pais retomem o controle sobre o uso do equipamento.

A “febre” das gel blasters tomou conta de comunidades e está sendo alimentada pela ampla disponibilidade do produto em feiras populares, barracas e lojas no Centro do Recife, com preços que variam entre R$ 90 e R$ 150.

Ferimentos e preocupação médica

A Fundação Altino Ventura (FAV) registrou, até a manhã desta segunda-feira (9), 50 casos de ferimentos causados por disparos de armas de gel, sendo sete provenientes do bairro de Água Fria, na Zona Oeste do Recife.

Ação policial

De acordo com o coronel Mário Canel, diretor adjunto de Planejamento Operacional da Polícia Militar, as ocorrências reportadas podem mobilizar viaturas para restabelecer a ordem pública, caso necessário. Até o momento, ninguém foi conduzido a delegacias por causa do uso dessas armas.

“O Comando Geral da Corporação está preocupado em orientar e capacitar os policiais para agir em cada caso identificado. Nossa Central de Operações dará as instruções necessárias às guarnições nas ruas”, afirmou o coronel.

Alerta da Polícia Civil

O delegado Mário Melo, da Polícia Civil, fez um apelo para que as armas de gel não sejam tratadas como brinquedos. Ele destacou que o problema está no uso descontrolado, muitas vezes em situações que envolvem grupos mascarados com balaclavas e munições congeladas.

“O primeiro passo é os pais exercerem o controle. Quem está comprando esses objetos? É fundamental entender que há consequências criminais. Qualquer dano causado por crianças ou adolescentes deve ser reparado civilmente pelos responsáveis”, disse Melo.

O delegado reforçou a necessidade de que vítimas de ferimentos causados por essas armas procurem uma delegacia para registrar Boletim de Ocorrência, realizar exames de corpo de delito e iniciar procedimentos investigativos.

“Precisamos que as famílias colaborem para reduzir esse caos. Embora recreativas, essas atividades exigem um ambiente controlado. É um apelo urgente, enquanto aguardamos a legislação equiparar as armas de gel a equipamentos como airsoft e paintball”, concluiu.

Debate na Alepe

A falta de regulamentação das gel blasters contrasta com normas já existentes para armas de airsoft e paintball. Na semana passada, o deputado estadual Romero Albuquerque (União Brasil) apresentou um Projeto de Lei na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) para proibir a comercialização das armas de gel no estado.

Segundo a assessoria da Alepe, o PL ainda não foi encaminhado às comissões para análise e deve avançar apenas após o recesso parlamentar. O deputado, no entanto, pretende articular um requerimento de urgência para acelerar a tramitação.

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