📉 Brasil estagnado: 3 em cada 10 brasileiros são analfabetos funcionais desde 2018
Pesquisa Inaf 2025 revela que 29% da população não consegue interpretar textos, gráficos ou planejar finanças básicas; jovens também sofrem com baixo desempenho

Apesar dos avanços tecnológicos e das longas permanências nas salas de aula, o Brasil continua parado quando o assunto é alfabetismo funcional. Segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), divulgado nesta segunda-feira (5), 29% dos brasileiros entre 15 e 64 anos são analfabetos funcionais — índice que não muda desde 2018.
Essas pessoas até conseguem ler, escrever e fazer contas simples, mas não compreendem textos, gráficos, mapas, nem conseguem aplicar raciocínio lógico ou organizar finanças cotidianas. Um cenário preocupante que escancara a falência de políticas educacionais de longo prazo.

📚 Níveis de alfabetismo no Brasil
A pesquisa revela um país onde somente 10% da população alcança o nível “proficiente”, aquele em que o cidadão compreende bem textos e números.
Outros dados:
- 36% têm alfabetismo elementar (nível básico e limitado)
- 25% são intermediários
- 29% são analfabetos funcionais
Entre os jovens de 15 a 29 anos, 39% estão no grupo elementar, o que indica problemas graves de aprendizagem mesmo após anos na escola — e, em alguns casos, até na universidade.
🔎 Entenda o teste
Durante a aplicação do Inaf, os participantes são desafiados a resolver problemas reais: interpretar notícias, analisar gráficos, fazer cálculos simples e navegar em ambientes digitais.
“Um texto precisa ser curto, direto e usar vocabulário do dia a dia para ser compreendido. Isso mostra o quanto ainda estamos longe do ideal”, diz Ana Lima, coordenadora da pesquisa e fundadora da consultoria Conhecimento Social.
🧠 Alfabetismo digital: jovens se saem melhor, mas nem sempre
Pela primeira vez, a edição 2025 mediu também a capacidade digital da população — como fazer compras online, preencher formulários e usar aplicativos.
Apesar da intuição de que quem lê bem também navega bem, 40% dos brasileiros proficientes no papel tiveram dificuldades no digital. Por outro lado, 5% dos analfabetos funcionais conseguiram acertar a maior parte das tarefas digitais. A explicação: a idade conta muito, com os jovens naturalmente mais adaptados à tecnologia, mesmo sem dominar a leitura formal.
📉 Queda que parou
O Inaf vem sendo aplicado desde 2001. Houve uma queda contínua do analfabetismo funcional até 2009, impulsionada por políticas de inclusão educacional. Desde então, o índice estagnou.
Para Ana Lima, o problema está no modelo de ensino:
“Não adianta só manter o aluno na escola. É preciso repensar o currículo, formar professores com foco em resolução de problemas reais e estimular o aprendizado contínuo.”
👥 Quem realiza a pesquisa
O Inaf é conduzido pela consultoria Conhecimento Social e a ONG Ação Educativa, com apoio da UNESCO, Instituto Unibanco, Fundação Roberto Marinho e Fundação Itaú. A edição de 2025 entrevistou 2.554 pessoas em todas as regiões do país, com diferentes graus de escolaridade.