Dólar dispara: maior valor nominal da história
Especialistas sugerem um aumento de até 7,2% nos preços dos alimentos
O dólar à vista fechou em alta de 1,53%, cotado a R$ 5,86 para compra e R$ 5,87 para venda nesta sexta-feira (1º/10), alcançando o segundo maior valor nominal da história, abaixo apenas do pico registrado em 2020, de R$ 5,90. O movimento é atribuído, segundo analistas, à falta de um plano de corte de gastos federais, o que ampliou as incertezas e gerou nova alta da moeda americana.
Economistas apontam que a ausência de um anúncio fiscal por parte do governo levou à frustração do mercado. Emerson Vieira Junior, da Convexa Investimentos, destacou que o dólar se valorizou em várias economias nesta sexta, mas a alta foi mais intensa no Brasil. “O governo está em uma encruzilhada; vai precisar cortar gastos se quiser evitar que o dólar chegue a R$ 6,00”, comentou o analista.
Busca por Ativos Seguros
A valorização do dólar é acompanhada por um movimento global de busca por ativos mais seguros. Christian Iarussi, da The Hill Capital, mencionou que as incertezas locais — como a falta de medidas fiscais claras — geram pessimismo e fazem com que investidores busquem segurança em ativos mais estáveis, como o dólar.
A alta do dólar tem impactos diretos sobre o mercado financeiro. Nesta sexta-feira, o índice Bovespa (Ibovespa) também registrou queda de 1,23%, fechando aos 128.116 pontos. Grandes empresas como Petrobras, Vale e os principais bancos também tiveram desvalorizações expressivas.
Impacto na Inflação dos Alimentos
Especialistas projetam um aumento de até 7,4% na inflação de alimentos em 2025, impulsionada pela valorização do dólar e por limitações de oferta de itens básicos. O economista Alexandre Maluf, da XP, estima uma alta de até 16,1% no preço das carnes, que também impacta outros itens da cesta básica, como frango, ovos e café, que podem subir entre 4,5% e 11%.
Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP, o preço da arroba do boi alcançou R$ 300 em outubro, o maior valor em 20 meses, refletindo uma baixa oferta de animais para abate, cenário que contribui para as altas contínuas no setor de proteínas.