Cesta básica sobe nas capitais e compromete ao menos 40% do salário mínimo

O custo da cesta básica aumentou em janeiro de 2024 em 13 das 17 capitais pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O levantamento aponta que o valor dos itens essenciais de consumo subiu principalmente em Salvador (6,22%), Belém (4,80%) e Fortaleza (3,96%). Já as cidades onde houve redução foram Porto Alegre (-1,67%), Vitória (-1,62%), Campo Grande (-0,79%) e Florianópolis (-0,09%).

A cesta básica mais cara foi registrada em São Paulo, onde os alimentos custam R$ 851,82, representando 60% do salário mínimo oficial, atualmente fixado em R$ 1.518. O levantamento do Dieese também estima que, para garantir a manutenção de uma família de quatro pessoas, o salário mínimo deveria ser de R$ 7.156,15.

Disparidade entre salários e custo de vida

Em comparação, um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado em dezembro indicou que a renda média do trabalhador brasileiro foi de R$ 3.279,00 em outubro de 2024. Essa diferença ressalta a dificuldade de grande parte da população em arcar com os custos básicos.

O Dieese destaca que o cálculo do salário mínimo necessário é baseado na determinação constitucional de que o valor deve ser suficiente para cobrir despesas com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência. Em janeiro de 2024, esse valor deveria ser de R$ 6.723,41, ou 4,76 vezes o salário mínimo vigente.

Capitais com maior custo

Entre as capitais mais caras, Florianópolis registrou uma cesta básica de R$ 808,75, seguida pelo Rio de Janeiro (R$ 802,88) e Porto Alegre (R$ 770,63). Outras cidades com valores elevados incluem Curitiba (R$ 743,69), Vitória (R$ 735,31) e Belo Horizonte (R$ 717,51), além de Campo Grande (R$ 764,24), Goiânia (R$ 756,92) e Brasília (R$ 756,03).

Nas capitais do Norte e Nordeste, os valores foram relativamente menores, mas ainda comprometem uma parte significativa da renda da população. Em Fortaleza, o custo médio da cesta foi de R$ 700,44, em Belém R$ 697,81, Natal R$ 634,11, Salvador R$ 620,23, João Pessoa R$ 618,64, Recife R$ 598,72 e Aracaju R$ 571,43.

Principais fatores que influenciaram o aumento

O aumento da cesta básica foi impulsionado principalmente pela alta nos preços de três itens essenciais:

  • Café em pó: subiu em todas as cidades pesquisadas nos últimos 12 meses.
  • Tomate: registrou alta em cinco capitais, mas queda em outras 12; no entanto, teve aumento acima de 40% em Salvador, Belo Horizonte, Brasília e Rio de Janeiro devido às chuvas.
  • Pão francês: teve reajuste em 16 das 17 capitais analisadas, atribuído à menor oferta de trigo nacional e à necessidade de importação, afetada pela desvalorização do câmbio.

Apesar dessas altas, o reajuste foi parcialmente compensado pela queda nos preços de alguns itens básicos. A batata teve redução de preço em todas as capitais ao longo do último ano, enquanto o leite integral, apesar dos reajustes ao longo do ano, apresentou recuo em 12 capitais em dezembro. Além disso, o arroz agulhinha e o feijão preto vêm registrando queda devido ao aumento da oferta.

Impacto no poder de compra da população

Com a inflação acumulada em 12 meses chegando a 4,8%, o aumento no custo da cesta básica reforça a perda do poder de compra dos trabalhadores brasileiros. O cenário indica a necessidade de políticas públicas para conter a alta dos preços dos alimentos e equilibrar o impacto da inflação sobre a população de baixa renda.

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