Cesta básica sobe no Grande Recife e compromete quase metade do salário mínimo

Consumidores precisam cortar gastos e pesquisar mais para driblar a alta nos preços. Café, óleo de soja e carne estão entre os itens que mais encareceram.

O preço da cesta básica no Grande Recife continua em alta, pesando cada vez mais no bolso da população. Em janeiro de 2025, o valor médio subiu R$ 5,56 em comparação a dezembro de 2024, chegando a R$ 668,55, segundo levantamento do Procon-PE. O aumento reforça a dificuldade dos consumidores, que precisam destinar uma parcela maior do salário à alimentação e gastar mais tempo pesquisando preços em supermercados.

Com o novo reajuste, a cesta básica passou a comprometer 44,04% do salário mínimo vigente, que atualmente é de R$ 1.518,00.

“Se está caro, não compre”, diz Lula

Em meio às queixas sobre os altos preços dos alimentos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu que os brasileiros evitem comprar produtos mais caros.

“Se você vai ao mercado e desconfia que tal produto está caro, você não compra. Se todo mundo tiver a consciência de não comprar aquilo que está caro, quem está vendendo vai ter que baixar para vender, senão vai estragar”, afirmou o presidente, em entrevista na última quinta-feira (6).

A lógica de Lula é baseada na lei da oferta e demanda. Segundo o educador financeiro João Paulo Nogueira, do Centro Universitário Frassinetti do Recife (UniFafire), quando os consumidores deixam de comprar um produto, a tendência é que os preços caiam.

O impacto da substituição de produtos

A troca de alimentos mais caros por opções mais acessíveis pode ajudar a equilibrar o orçamento. Um exemplo comum é a substituição da carne bovina pelo frango, que gera uma menor demanda pela carne vermelha, obrigando o mercado a baixar o preço para evitar desperdícios.

“Se a safra do feijão é boa, por exemplo, a oferta do produto aumenta. Com mais feijão disponível, os vendedores entram em uma guerra de preços, reduzindo o valor para garantir a venda”, explica João Paulo.

Além disso, a pesquisa de preços e a escolha de marcas alternativas também podem ajudar a economizar. O nutricionista Henrique Medeiros recomenda que os consumidores fiquem atentos às variações de valores dentro da mesma categoria de produto.

“A carne suína, dependendo do corte, tem praticamente o mesmo valor nutricional da carne bovina e pode ser uma boa alternativa. O tomate, que teve forte alta, pode ser substituído por cenoura e beterraba, que oferecem bons nutrientes e ajudam na imunidade”, sugere.

Os alimentos que mais encareceram

De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), os produtos que mais subiram no Recife entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025 foram:

🔺 Tomate: +20,68%
🔺 Café: +10,66%
🔺 Óleo de soja: +1,94%
🔺 Manteiga: +1,55%
🔺 Pão francês: +1,35%

Por outro lado, sete itens da cesta básica tiveram queda nos preços, incluindo arroz (-3,03%)farinha de mandioca (-2,63%) e feijão (-2,55%).

No acumulado de 12 meses, os maiores aumentos foram:

  1. ☕ Café: +62,85%
  2. 🛢️ Óleo de soja: +31,58%
  3. 🥩 Carne: +17,89%
  4. 🍅 Tomate: +17,67%
  5. 🥛 Leite: +16,79%

O economista Filipe Braga, do Centro Universitário UniFBV Wyden, explica que fatores externos, como conflitos internacionais e oscilações no mercado global, influenciam diretamente nos preços no Brasil.

“A substituição de produtos é apenas um paliativo. Em algum momento, o consumidor vai precisar comprar esses itens, e o impacto no orçamento será inevitável”, alerta.

Enquanto o custo de vida segue aumentando, a recomendação dos especialistas é clara: pesquisar, substituir e planejar melhor as compras são estratégias fundamentais para driblar a inflação e evitar que a alimentação comprometa ainda mais o orçamento familiar.

ProdutoVariação (%)
☕ Café+62,85%
🛢️ Óleo de soja+31,58%
🥩 Carne+17,89%
🍅 Tomate+17,67%
🥛 Leite+16,79%
🍌 Banana+11,26%
🧈 Manteiga+2,68%
🍚 Arroz+2,15%
🥖 Pão francês+1,88%
🍬 Açúcar+1,81%
Variação nos últimos 12 meses

Procon-PE aponta oscilações de preço na cesta básica de janeiro

O Procon-PE, órgão vinculado à Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Prevenção à Violência (SJDH), realizou a pesquisa de preços da cesta básica durante o primeiro mês de 2025. O levantamento, realizado entre os dias 24 e 30 de janeiro, analisou os valores praticados em 26 supermercados da Região Metropolitana do Recife (RMR). Em comparação a dezembro de 2024, o custo médio da cesta aumentou R$5,56. Subindo, em janeiro, para 668,55. Esse valor compromete 44,04% do salário mínimo vigente, que passou a ser de R$1.518,00.

Os produtos de higiene pessoal destacaram-se com as maiores variações de valor. Com 409,57%, o pacote do absorvente higiênico, com oito unidades, foi encontrado em seu maior preço por R$10,65 e, em seu menor, por R$2,09. Já a unidade do sabonete, com R$ 3,98 sendo seu maior preço, e R$0,80, o seu menor, apresentou uma diferença percentual expressiva de 397,50%.

Variações chegam até 409%

No mesmo setor, através dos itens de limpeza, o sabão em pó, com 500g apresentou um aumento de 10,26% em relação à pesquisa do mês anterior. Desta vez, encontra-se, em seu maior valor, por R$5,39 e, em seu menor valor, por R$1,09, constatando uma diferença de 394,50%. Por sua vez, o pacote com 5 unidades do sabão em barra, teve uma diferença de 136,51%.  Com seu maior preço sendo R$12,98 e, seu menor, R$5,45.

A pesquisa revelou que, dentre os itens alimentícios, legumes e verduras manifestaram as maiores variações. O quilo da cebola apresentou um aumento de 41,75% entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025. Este mês, com uma oscilação de 234,64%, o alimento foi encontrado, em seu maior valor, por R$5,99 e, em seu menor por, R$1,79. Em comparação, o quilo da batata inglesa diminuiu 10,17%, com seu maior preço, para R$9,99 e, seu menor R$2,99, apresentou uma variação de 234,11%.

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