Ex-diretora das Americanas volta ao Brasil e entrega passaporte
Anna Christina Ramos Saicali, ex-diretora do grupo Americanas e uma das principais envolvidas no esquema de fraudes fiscais nos balanços da empresa, retornou ao Brasil nesta segunda-feira (1º) após ter a prisão revogada. Saicali, que se entregou à Justiça em Lisboa no domingo (30), desembarcou no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, por volta das 6h40.
Ao chegar ao Brasil, Anna Saicali dirigiu-se à Delegacia Especial da Polícia Federal no aeroporto, onde permaneceu até cerca de 7h50, quando deixou o local por uma saída lateral exclusiva, sem contato com a imprensa. Conforme determinação judicial, a executiva teve seu passaporte retido e está proibida de deixar o país.
Anna Saicali foi incluída na Difusão Vermelha da Interpol, a lista dos mais procurados do mundo, devido às acusações de envolvimento em fraudes contábeis que, segundo investigações, somaram R$ 25 bilhões. O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro acusa Saicali de participar ativamente das fraudes, ajudando a criar documentos falsos para auditoria que suportavam os saldos fictícios da Americanas.
Operação Disclosure
A Operação Disclosure, deflagrada na última quinta-feira (27), cumpriu 15 mandados de busca e apreensão contra outros ex-executivos do grupo. A 10ª Vara Federal Criminal determinou ainda o bloqueio de R$ 500 milhões em bens dos envolvidos. A operação visava prender o ex-CEO Miguel Gutierrez e Anna Saicali, ambos com mandados de prisão em aberto. Gutierrez, que vivia na Espanha desde janeiro de 2023, foi preso na última sexta-feira (28) em Madri.
Saicali, que viajou para Portugal em 15 de junho, foi procurada intensamente. No domingo (30), o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, reuniu-se com autoridades portuguesas para tentar prendê-la. Contudo, Saicali decidiu se entregar à Justiça e foi conduzida pela Interpol até o Aeroporto de Lisboa.
Medidas Substitutivas
A Justiça Federal substituiu a prisão preventiva de Anna Saicali por outras medidas judiciais, como a volta ao Brasil e a entrega do passaporte. A decisão foi tomada pelo juiz Márcio Muniz da Silva Carvalho, atendendo a um pedido da própria Polícia Federal. A Vara Federal também determinou a retirada do nome de Saicali do Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP) e comunicará a Interpol para que seu nome seja removido da Difusão Vermelha.
Nota da Americanas
Em nota, a Americanas reiterou sua confiança nas autoridades que investigam o caso e reforçou que foi vítima de uma fraude de resultados pela antiga diretoria, que manipulou dolosamente os controles internos existentes. A empresa afirmou acreditar na Justiça e aguardar a conclusão das investigações para responsabilizar judicialmente todos os envolvidos.