Família denuncia sumiço de rim após morte de idosa em hospital do DF

De acordo com a família, em entrevista ao portal Metrópoles , Emídia Nunes Chavante Oliveira, de 74 anos, faleceu no Hospital Regional de Taguatinga (HRT) em 31 de março de 2024, após dias buscando tratamento na rede pública do Distrito Federal. Ao receber o corpo após a autópsia, os familiares constataram a ausência do rim esquerdo da idosa.

Segundo a família, houve negligência e demora no atendimento. Após a internação, Emídia passou por uma tomografia que mostrou ambos os rins e revelou acúmulo de líquido no abdome e na pelve.

Às 1h do dia 31 de março, Emídia sofreu uma parada cardíaca, foi reanimada e colocada em ventilação mecânica por 28 minutos. Uma segunda parada cardíaca ocorreu em seguida, e após 45 minutos de tentativas de reanimação, ela faleceu às 2h17.

O HRT informou que a causa da morte foi infecção urinária, mas a certidão de óbito apontou “morte por peritonite aguda fibrino purulenta, devido a diverticulite perfurada de colo sigmoide, em portador de hipertensão arterial e diabetes mellitus”, indicando uma infecção causada por fezes e urina na região abdominal após uma perfuração interna.

Com a comprovação de que Emídia não estava com Covid-19, a autópsia foi realizada em 2 de abril. O laudo do Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) indicou a ausência do rim esquerdo. No entanto, a tomografia feita no HRT pouco antes do falecimento mencionava “rins tópicos, de contornos, dimensões e atenuações habituais”. Exames anteriores, de 2016, também confirmavam a presença de ambos os rins.

Emídia não era doadora de órgãos, e a família não foi procurada para autorização de doação nem autorizou tal procedimento. Os familiares registraram uma ocorrência na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) e solicitaram explicações à Secretaria de Saúde.

Os filhos de Emídia relataram que houve alterações no prontuário dias após a morte, incluindo uma suposta movimentação na Central Estadual de Transplantes. Este registro levantou suspeitas sobre o destino das córneas da idosa.

Em 11 de abril, foi inserida a seguinte informação no prontuário: “CIHDOTT-Comissão intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos a Transplantes. Acesso ao prontuário para confecção de relatório da CIHDOTT e encaminho à NOPO-DF”, envolvendo a central de transplantes e o núcleo de doação de córneas.

Imagem: Reprodução/Internet

RESPOSTA DA SECRETARIA DE SAÚDE

Em nota, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal afirmou que “a hipótese levantada é de que possa ter ocorrido uma atrofia do órgão devido a um processo infeccioso, comum em pacientes diabéticos com histórico de infecção do trato urinário, o que pode levar à diminuição de volume do rim”.

A pasta acrescentou que “não houve sinais de extração do órgão, o que foi confirmado pela ausência de cicatrizes ou evidências cirúrgicas no período da internação, sendo o caso objeto de um inquérito policial que vai apurar o ocorrido”.

A secretaria lembrou que “a captação de órgãos no Brasil, incluindo rins, só é permitida a partir de um diagnóstico de morte encefálica, o que não foi o caso da senhora Emídia”. “A pasta destaca que, tal captação é realizada exclusivamente no Hospital de Base e no Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (ICTDF), e em nenhum momento a paciente foi transferida para essas unidades.”

Sobre as córneas, a pasta informou que a doação “pode ocorrer após uma parada cardiorrespiratória (PCR)”, mas que “qualquer captação de órgãos ou córneas exige a autorização formal da família (até 2º grau), mediante a assinatura do Termo de Autorização para Doação de Órgãos e Tecidos, com a assinatura de duas testemunhas. Conforme verificação no Sistema Nacional de Transplantes (SNT), a paciente não estava registrada como doadora de órgãos ou córneas”.

“A SES destaca que, devido ao quadro clínico da paciente, ela não seria elegível para doação, e por isso, não houve abordagem à família nem captação de órgãos ou tecidos”, acrescentou.

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