Presos após brigas de torcidas do Santa Cruz e Sport têm passagens pela polícia por crimes como homicídio, tráfico e roubo

Justiça decreta prisão preventiva de 13 homens; seis deles já foram acusados de outros crimes
No último sábado (1º), membros de torcidas organizadas do Santa Cruz e do Sport protagonizaram cenas de violência extrema antes do jogo entre os dois times, transformando diversas áreas do Recife em verdadeiros campos de batalha. De acordo com a Polícia Civil, 32 pessoas foram detidas, e 13 delas tiveram a prisão preventiva decretada por envolvimento nos conflitos. Entre os presos, pelo menos seis já possuem histórico criminal, com passagens por homicídio, tráfico de drogas e roubo.
A violência levou o governo do estado a proibir a presença de torcedores nos próximos cinco jogos das equipes, decisão posteriormente derrubada pela Justiça. As brigas resultaram em pelo menos 13 feridos, sendo que um deles ainda segue internado.
Quem são os presos e os crimes pelos quais já foram acusados
O g1 teve acesso aos nomes dos 13 detidos preventivamente pela Polícia Civil. Confira abaixo os antecedentes criminais de parte dos envolvidos:
- Bruno Luan Batista Soares – Tem passagem por tráfico de drogas.
- Emerson Jose da Silva Junior – Já foi preso e processado duas vezes no Cabo de Santo Agostinho, incluindo uma acusação de homicídio e outra de tráfico de drogas.
- Hugo Henrique Martins da Silva – Desde 2023, responde na Justiça a um processo por roubo.
- João Victor Antônio da Silva – Sem registro criminal conhecido.
- João Victor Soares da Silva – Atual presidente da torcida organizada do Sport, responde a processo por associação criminosa com motivação de intolerância esportiva.
- Lucas Araujo da Paixão – Sem registro criminal conhecido.
- Lucas Melo Gonçalves de Carvalho – Foi preso em 2023 por furto qualificado e corrupção de menores.
- Matheus Henrique de Lima Viana – Sem registro criminal conhecido.
- Mikael Joaquim da Silva – Sem registro criminal conhecido.
- Moisés Cordeiro de Moura Filho – Sem registro criminal conhecido.
- Ramon Nogueira da Silva – Sem registro criminal conhecido.
- Thyago Mendes Barbosa – Responde a diversos processos, incluindo lesão corporal grave e furto qualificado. Também é réu por tentativa de homicídio qualificado e violência em eventos esportivos no caso do ataque que feriu seis jogadores do Fortaleza em fevereiro de 2024.
- Walysson Martins dos Santos – Sem registro criminal conhecido.
A Lei Geral do Esporte e a punição para crimes em eventos esportivos
A Lei Geral do Esporte, em vigor desde junho de 2023, define como crime promover tumulto, praticar ou incitar violência em eventos esportivos. A pena varia de um a dois anos de prisão, além de multa, e a legislação se aplica a incidentes que ocorrem em um raio de cinco quilômetros ao redor dos estádios ou no trajeto até os jogos. No caso das brigas de sábado, os tumultos aconteceram a menos de três quilômetros do Estádio do Arruda, na Zona Norte do Recife.
A Comissão de Direito Desportivo da OAB acompanha o caso e cobra medidas mais rigorosas para evitar novos episódios de violência. “O que ocorreu extrapola a Lei Geral do Esporte e exige a aplicação do Código Penal para punições mais severas”, afirmou Nívea Campos, vice-presidente da comissão.
Justiça derruba decisão do governo sobre portões fechados nos jogos
Após a onda de violência, a governadora Raquel Lyra anunciou que os próximos cinco jogos de Santa Cruz e Sport seriam realizados sem torcida. No entanto, a medida foi derrubada por um mandado de segurança concedido pelo desembargador Fernando Cerqueira Norberto dos Santos, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE).
No documento, o magistrado determinou que:
- O governo estadual não poderá impor portões fechados para partidas do Sport ou de qualquer outro clube em Pernambuco.
- Durante fevereiro, apenas a torcida do time mandante poderá comparecer aos jogos.
- Os setores destinados às torcidas organizadas devem permanecer fechados até o fim do mês.
- A partir de 1º de março, os clubes deverão implementar reconhecimento facial e biometria na entrada dos estádios, além de monitoramento por câmeras. O descumprimento dessa medida resultará em multa de R$ 100 mil por jogo.
O caso segue em investigação pela Delegacia de Repressão à Intolerância Esportiva, e novas medidas podem ser anunciadas pelas autoridades nos próximos dias.