🔍 EUA expõem farsa: WSJ acusa Brasil de usar registros falsos para prender ex-assessor de Bolsonaro

O jornal norte-americano The Wall Street Journal publicou neste domingo (27) um editorial contundente em defesa do ex-assessor internacional da Presidência Filipe Martins. Segundo a publicação, o Brasil estaria utilizando registros falsificados do serviço de alfândega dos Estados Unidos (CBP) para justificar a prisão do ex-auxiliar de Jair Bolsonaro, acusado de integrar o núcleo político da tentativa de golpe em 2022.
Martins foi preso preventivamente em fevereiro de 2024 após a Polícia Federal encontrar, no computador de Mauro Cid, uma lista de passageiros de um voo presidencial para Orlando (EUA), datado de 30 de dezembro de 2022. O nome dele constava entre os passageiros, o que foi usado para alegar que estaria foragido. A defesa sustenta que houve erro de identificação e nega qualquer tentativa de fuga.
Em seu depoimento à Justiça, Martins afirmou que o nome na lista se referia a um homônimo. A companhia aérea Latam, inclusive, forneceu um documento provando que ele embarcou de Brasília para Curitiba no dia seguinte ao voo de Bolsonaro, desmontando a versão de que ele havia saído do país.
O WSJ aponta ainda que o passaporte de Martins, declarado como extraviado, teria sido usado em registros de entrada nos EUA — dados que desapareceram do site do CBP e, posteriormente, reapareceram. Para o jornal, isso levanta suspeitas sérias de falsificação, comprometendo inclusive a segurança nacional americana. A publicação critica a omissão da secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, que prometeu uma investigação em janeiro e, até agora, não apresentou esclarecimentos.
“O caso vai além de Martins. A falsificação de dados de viagem compromete a segurança nacional dos EUA”, afirma o editorial, que também acusa o governo Biden de obstruir a defesa do ex-assessor.
O jornal relaciona o episódio ao recente endurecimento comercial promovido pelo ex-presidente Donald Trump, que impôs tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Em carta enviada a Lula, Trump alegou “déficits comerciais”, argumento contestado pelo Ministério do Desenvolvimento do Brasil, que aponta superávit dos EUA na balança com o país desde 2009.
“O principal motivo da retaliação, segundo o WSJ, seria a suposta perseguição judicial a Jair Bolsonaro, hoje investigado por tentativa de golpe e uso ilegal de joias da União. A publicação também afirma que o STF estaria sendo instrumentalizado politicamente”, destaca o editorial.
Filipe Martins foi solto em agosto de 2024, após sete meses preso, por decisão do ministro Alexandre de Moraes. No entanto, ele permanece sob medidas cautelares, como tornozeleira eletrônica, proibição de usar redes sociais e de manter contato com outros investigados.
O caso reacende o debate internacional sobre o uso político do sistema de Justiça no Brasil e coloca em xeque a credibilidade de provas obtidas por autoridades nacionais em cooperação com os Estados Unidos.