JUSTIÇA INGLESA CONDENA BHP POR TRAGÉDIA DE MARIANA — MULTI BILIONÁRIA AGORA É RÉ INTERNACIONAL

A Justiça inglesa considerou a BHP, acionista da Samarco ao lado da Vale, responsável pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG) — o maior desastre socioambiental da história do Brasil. A decisão foi divulgada nesta sexta-feira (13) pelo Tribunal Superior de Londres.
O valor das indenizações — que pode ultrapassar R$ 230 bilhões — será definido apenas em outubro de 2026, na segunda etapa do julgamento. A mineradora anglo-australiana declarou que irá recorrer.
Por que a BHP foi condenada?
O tribunal concluiu que a empresa teve responsabilidade direta e objetiva na tragédia, devendo responder pelos danos mesmo sem comprovação de culpa, já que integrava a estrutura da atividade poluidora.
A decisão também aponta negligência grave da mineradora, acusada de:
- ignorar alertas técnicos,
- não realizar estudos essenciais,
- e permitir sucessivas elevações da barragem mesmo após sinais claros de risco.
Segundo especialistas ouvidos no caso, rachaduras já haviam sido detectadas mais de um ano antes do colapso.
Ação histórica: mais de 600 mil autores
A ação no Reino Unido reúne cerca de 620 mil pessoas, incluindo atingidos, cidades, comunidades ribeirinhas, empresas e igrejas. Eles pedem indenizações por danos humanos, ambientais e econômicos — muitos desses prejuízos se arrastam há 10 anos.
Mais de 49 municípios foram atingidos e 19 pessoas morreram após o despejo de 40 milhões de m³ de rejeitos que devastaram vilarejos, arrasaram o Rio Doce e alcançaram o oceano no Espírito Santo.
E a Vale?
A mineradora brasileira não integra o processo no Reino Unido, mas possui acordo com a BHP para dividir os custos das medidas judiciais e indenizatórias.
As empresas já investiram US$ 13,4 bilhões em reparações no Brasil e firmaram, em 2024, um novo acordo de R$ 170 bilhões com autoridades brasileiras.
O que acontece agora?
A próxima fase, marcada para outubro de 2026, vai avaliar individualmente os danos de cada vítima para determinar o valor final das compensações. Municípios brasileiros também foram autorizados pela Justiça britânica a seguir processando a BHP.
O escritório Pogust Goodhead, que lidera a ação, afirmou que a sentença representa um marco histórico na responsabilização internacional por tragédias ambientais envolvendo multinacionais.