A francesa Danone não compra mais soja do Brasil
Ministério da Agricultura Critica Declaração de Executivo da Danone e Defende Sustentabilidade da Soja Brasileira
Nesta terça-feira, 29, o Ministério da Agricultura respondeu à declaração de um executivo da Danone, que afirmou que a empresa deixou de comprar soja do Brasil por falta de sustentabilidade na produção. Em nota, o Ministério argumentou que tal postura prejudica o comportamento de empresas e compromete “a compreensão dos consumidores sobre a segurança alimentar baseada na produção sustentável e nas negociações internacionais”.
O comentário de Jurgen Esser, diretor financeiro da Danone, foi feito à agência Reuters, onde ele indicou que a empresa passou a importar soja da Ásia, justificando que rastreia seus ingredientes para garantir sua origem sustentável. No entanto, após a repercussão, a Danone esclareceu que continua comprando soja brasileira, enfatizando que o insumo é fundamental para sua operação no país.
A declaração causou forte reação no setor agropecuário brasileiro. Empresários do agronegócio defenderam um boicote aos produtos da Danone, enquanto a Aprosoja qualificou o ato como “discriminatório” e um reflexo de “desconhecimento” da produção no Brasil. Em defesa da sustentabilidade nacional, o Ministério da Agricultura ressaltou que:
- Compromisso Ambiental: A legislação ambiental brasileira é uma das mais rigorosas, sustentada por políticas públicas de combate ao desmatamento e um sistema de fiscalização abrangente. Além disso, o Brasil tem reiterado compromissos internacionais de redução de emissões e promoção de práticas agrícolas sustentáveis.
- Processos de Due Diligence: As empresas brasileiras, especialmente as exportadoras de soja, têm adotado processos de due diligence robustos, alinhados às exigências internacionais de sustentabilidade, com modelos de rastreabilidade amplamente reconhecidos.
- Regulamento de Desmatamento da União Europeia (EUDR): O Brasil considera o EUDR uma norma unilateral e punitiva, que não leva em conta as particularidades dos países produtores e pode prejudicar o acesso de pequenos produtores ao mercado europeu. A nota sugere que incentivos positivos seriam mais eficazes do que restrições rígidas.
- Compromisso com a Transparência: Em alinhamento com as exigências europeias, o Brasil apresentou modelos eletrônicos de rastreabilidade, reforçando a seriedade do país com a transparência e a sustentabilidade na produção.
- Diálogo Internacional: O governo brasileiro mantém diálogo com a União Europeia para alinhar práticas e regulamentações. Recentemente, a UE adiou a aplicação do EUDR para 2025, em resposta ao apelo do Brasil por negociações bilaterais mais equilibradas.
O Ministério conclui que o setor agrícola brasileiro já alcança altos padrões de sustentabilidade e exige tratamento justo e equilibrado em suas relações comerciais internacionais, repudiando ações precipitadas como as anunciadas pela Danone.