Adolescente desvia milhões das doações ao Rio Grande do Sul
Um esquema criminoso foi descoberto pela polícia, revelando que milhões de reais, originalmente destinados às vítimas das enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul, foram desviados para bancar um estilo de vida luxuoso de um adolescente em Balneário Camboriú, no Litoral Norte de Santa Catarina.
O adolescente, que já é emancipado, é apontado como um dos mentores de uma página falsa que imitava o site oficial do governo gaúcho. Através dessa página, os valores doados eram direcionados para contas empresariais vinculadas ao esquema criminoso. Vivendo em uma cobertura de luxo no litoral catarinense junto a outro menor e um adulto, o local foi alvo de três mandados de busca e apreensão na sexta-feira passada (24), revelando-se um verdadeiro “quartel general do crime”, onde os três perpetravam golpes continuamente.
Além do desvio de fundos por meio de campanhas falsas de arrecadação de donativos, o grupo também criava páginas falsas de marcas conhecidas para vender produtos, mais uma vez explorando a tragédia para comover os usuários.
Segundo Vanessa Pitrez, diretora do Departamento Estadual de Investigações Criminais do Rio Grande do Sul, “Eles criavam promoções desta suposta marca em que o cliente pagava apenas o frete, dizendo que esta promoção seria para a empresa conseguir auxiliar as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. Eles mudaram o golpe à medida que foi arrefecendo a questão dos alagamentos.” Os suspeitos ainda impulsionavam as postagens nas redes sociais para alcançar um público ainda maior.
A Polícia Civil bloqueou as contas bancárias vinculadas ao adolescente e aguarda autorização judicial para acessar os valores totais arrecadados com os golpes. O adolescente, emancipado apenas para fins civis, responderá pelos crimes em liberdade, uma vez que a apreensão de menores só é permitida em casos de crimes violentos ou com grave ameaça.
O menor tem colaborado com as investigações e as autoridades continuam trabalhando para identificar e responsabilizar todos os envolvidos no esquema.
O funcionamento do golpe de doações O adolescente criou um site falso semelhante ao do governo do Rio Grande do Sul, com informações sobre a tragédia e um banner de arrecadação na plataforma Vakinha, que supostamente ultrapassou os R$ 2,7 milhões para ajudar as vítimas.
Ao clicar para fazer uma doação, a plataforma gerava um QR Code por meio de uma fintech de checkout, possibilitando o pagamento via Pix. O montante arrecadado era processado por um gateway de pagamentos, que repassava os valores para o endereço escolhido pelos criminosos. No esquema, a conta vinculada pertencia a uma empresa de treinamentos e serviços, da qual o menor era sócio-proprietário.
“Esse gateway é o responsável por fazer a ligação entre o indivíduo que está fazendo uma compra e direcionar o valor para a empresa, teoricamente, contratada. O valor entrava na conta do CNPJ com aparência de licitude porque simulava uma prestação de serviço”, explicou o delegado João Vitor Herédia, responsável pela investigação.
O adolescente se intitulava “Dr. Money” nas redes sociais e afirmava ter alcançado seu primeiro milhão aos 15 anos. Além disso, ele é apontado como sócio-proprietário de duas empresas, possivelmente envolvidas em outros esquemas criminosos. O suspeito usava as redes sociais para ostentar um estilo de vida luxuoso, publicando fotos e vídeos em propriedades de alto padrão, um dos quais foi alvo da operação, e exibindo comprovantes de altos valores recebidos por meio de pagamentos online.