Cirurgia mais longa desde a facada: Bolsonaro enfrenta recuperação lenta após 12 horas de operação delicada
COLETIVA
A cirurgia de 12 horas realizada no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) neste domingo (14) foi uma das mais complexas desde o atentado a faca sofrido em 2018. Segundo a equipe médica do Hospital DF Star, em Brasília, a recuperação será lenta e exige cuidados intensivos.
Quadro delicado e abdome “hostil”
Durante entrevista coletiva nesta manhã, os médicos relataram que Bolsonaro apresentava um quadro de obstrução intestinal causado por aderências — uma espécie de cicatriz interna comum em quem já passou por múltiplas cirurgias abdominais.
“O presidente tinha um abdome hostil, com várias cirurgias prévias, aderências e uma parede abdominal bastante danificada”, explicou o cirurgião Cláudio Birolini, chefe da equipe médica.
Essas aderências, segundo ele, provocaram uma suboclusão intestinal. A condição exigiu uma intervenção dividida em três etapas: duas horas para acessar a cavidade abdominal, cinco para liberar as aderências e outras cinco horas para reconstruir a parede abdominal sem lesionar o intestino.

Risco elevado no pós-operatório
O cardiologista Leandro Echenique, que acompanha Bolsonaro desde o atentado em 2018, classificou o resultado da cirurgia como “excelente”, mas alertou para um pós-operatório delicado.
As próximas 48 horas são consideradas críticas, com risco de infecções e trombose, já que o organismo pode reagir com inflamações severas. Neste primeiro momento, Bolsonaro será alimentado por via intravenosa até que o intestino desinflame.
Sem previsão de alta
Bolsonaro está internado em um leito da UTI, sem previsão de alta ou de transferência para um quarto comum. Visitas estão restritas e ele deverá iniciar fisioterapia nos próximos dias. Apesar do estado delicado, a equipe médica informou que o ex-presidente está consciente, de bom humor e já fez piadas com os profissionais.
Birolini também negou que o quadro tenha sido causado por alimentação inadequada. “Não conseguimos identificar nenhum alimento como causa do problema. Comer pastel com caldo de cana, por exemplo, não tem relação. O problema é consequência direta da facada e das cirurgias anteriores.”
Cirurgia mais longa desde 2018
A laparotomia exploradora foi a sétima cirurgia de Bolsonaro desde 2018 e a mais longa até agora. O procedimento começou por volta das 10h de domingo e só foi concluído às 21h20. Não houve intercorrências nem necessidade de transfusão sanguínea.