Fumaça de queimadas na Amazônia e no Pantanal chega aos Estados do Sul e Sudeste

Desde o último sábado, dia 17, a fumaça das queimadas na Amazônia e no Pantanal alcançou pelo menos 10 estados brasileiros. As regiões mais afetadas fora da Amazônia incluem o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, embora a neblina também tenha chegado ao Rio de Janeiro e São Paulo no fim de semana, conforme dados do Serviço de Monitoramento Atmosférico da Europa.

O fenômeno é exacerbado pela atual onda de calor e deve persistir até a próxima sexta-feira (23). Uma nova frente fria, que se aproxima do Sudeste vinda do Sul, ajudará a dissipar a fumaça. O fluxo de ar que vem do Norte está transportando partículas das queimadas na Amazônia e no Pantanal. Atualmente, os maiores focos de incêndio estão na floresta amazônica, especialmente nas margens das rodovias BR-230, em Apuí (AM), BR-163, entre Itaituba (PA) e Novo Progresso (PA), e na região de Porto Velho (RO). No Pantanal, os incêndios são mais concentrados, principalmente no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Henrique Bernini, pesquisador de sensoriamento remoto, ressalta que a quantidade de fumaça da Amazônia é um reflexo da gravidade das condições na região. “Há atualmente uma alta incidência de incêndios na Amazônia, com mais de 200 eventos ao longo da BR-163 e da BR-230, além de focos em Porto Velho. No Pantanal, são de três a quatro eventos, mas significativos”, explica Bernini.

De acordo com o Serviço de Monitoramento Atmosférico da Europa, a fumaça afetou 10 estados: Rondônia, Acre, Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro. A tecnologia de monitoramento permite distinguir aerossóis provenientes de fumaça de atividades industriais. O vento do Norte direciona a fumaça para o Sul e, em seguida, para o Sudeste, onde é empurrada para fora pelo ar frio.

Embora a fumaça perca parte de seu potencial poluente à medida que se afasta da fonte do incêndio, ela ainda representa um risco para a saúde, especialmente para idosos, crianças e pessoas com problemas respiratórios. No Rio de Janeiro, a fumaça foi visível principalmente no final da tarde de domingo (18), mas com menor intensidade do que no Rio Grande do Sul, onde uma densa camada cinza reduziu a visibilidade. Santa Catarina também tem enfrentado níveis elevados de fumaça, que recentemente chegaram até o Paraguai.

A onda de calor contribui para a concentração da neblina, empurrando a fumaça em direção à superfície. A previsão é que essa onda persista até sexta-feira (23), quando a chegada de uma frente fria ajudará a dispersar a fumaça.

Bernini observa que no domingo, a falta de instabilidade climática resultou na persistência da fumaça no Sudeste, mas conforme os aerossóis se deslocam para o Oceano Atlântico, a qualidade do ar tende a melhorar.

AUMENTO DAS QUEIMADAS NO AMAZONAS

Desde o início do mês, a intensificação das queimadas no Amazonas tem sido notória. Recentemente, imagens de Manaus mostraram a intensa fumaça, com a qualidade do ar classificada como “ruim” a “muito ruim”. Contudo, nesta segunda-feira, a análise do Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (Selva) indica uma melhora na qualidade do ar. Especialistas destacam que as queimadas liberam monóxido de carbono e outros gases de efeito estufa, acelerando o aquecimento global e tornando as florestas mais vulneráveis a novos incêndios, além de causar problemas respiratórios na população.

FUMAÇA ABRANGE TODA A AMÉRICA DO SUL

Imagens de satélite do Programa de Observação da Terra da União Europeia (Copernicus ECMWF) revelam uma “enorme quantidade de fumaça” sobre a América do Sul, resultado das queimadas sazonais precoces no Brasil e na Bolívia. O vapor dos incêndios na Amazônia e no Pantanal está se espalhando pelo Sul e Sudeste do país.

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