Justiça da Itália barra prisão pedida por Moraes e impõe restrições a ex-assessor
Tribunal aplicou medidas cautelares, mas rejeitou a prisão de Eduardo Tagliaferro, acusado de vazar documentos
O Tribunal de Apelação de Catanzaro, na região da Calábria, na Itália, rejeitou o pedido do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes para prender seu ex-assessor Eduardo Tagliaferro, acusado de vazar conversas e documentos ligados a investigações contra bolsonaristas.
Tagliaferro foi detido nesta quarta-feira (1º) pela polícia italiana, mas foi liberado após a aplicação de medidas restritivas. Ele está proibido de deixar o município de Torano Castello, onde mora, e teve o passaporte apreendido. Também deverá informar sua rotina às autoridades e permanecer disponível para fiscalização policial.
Segundo o despacho da Justiça italiana, não havia risco de fuga, já que as acusações contra ele eram públicas e ele não tentou se esconder. Por isso, os magistrados consideraram desnecessária a prisão.
Defesa ataca decisão do Brasil
O advogado de Tagliaferro na Itália, Eduardo Kuntz, classificou como “arbitrário e impertinente” o pedido brasileiro. Segundo ele, o ex-assessor “não fugiu, não é procurado e está regularizado no país onde vive”.

Entenda o caso
Ex-chefe da Assessoria de Enfrentamento à Desinformação no TSE, Tagliaferro foi denunciado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, por supostos vazamentos de informações internas do gabinete de Moraes.
O ex-assessor acusa Moraes de adulterar datas em documentos usados para justificar operações da Polícia Federal, denúncia que apresentou em audiência no Senado. Moraes nega as acusações e afirma que todos os procedimentos seguiram a lei.
Em agosto, o ministro pediu a extradição de Tagliaferro ao Ministério da Justiça. O processo ainda está em análise na Itália.
👉 Resumo rápido:
- Justiça italiana rejeitou pedido de prisão de Moraes.
- Tagliaferro teve passaporte apreendido e não pode sair de Torano Castello.
- Defesa chama decisão brasileira de arbitrária.
- Ex-assessor acusa Moraes de manipular documentos; ministro nega.
Linha do Tempo do Caso Tagliaferro
JULHO DE 2025
- Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes no TSE, deixa o Brasil e se muda para a Itália.
- Na época, não havia ordem de prisão ou restrição de saída do país.
- Ele já era investigado pela Polícia Federal por suposto vazamento de informações sigilosas.
AGOSTO DE 2025
- O procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresenta denúncia contra Tagliaferro ao STF.
- Moraes solicita ao Ministério da Justiça a extradição do ex-assessor.
SETEMBRO DE 2025
- Tagliaferro acusa Moraes no Senado de ter adulterado documentos para justificar operações da Polícia Federal.
- Ele apresenta metadados que, segundo sua versão, comprovariam a manipulação de datas.
- Moraes nega irregularidades e afirma que todos os procedimentos seguiram a lei.
1º DE OUTUBRO DE 2025
- Tagliaferro é detido pela polícia italiana em Torano Castello, na Calábria.
- É levado à delegacia em Roma para prestar esclarecimentos.
- Agentes apreendem seu passaporte e comunicam restrições.
DECISÃO DA JUSTIÇA ITALIANA (CATANZARO)
- Tribunal rejeita pedido de prisão preventiva enviado por Moraes.
- Determina medidas cautelares:
- Proibição de sair do município de Torano Castello sem autorização judicial.
- Obrigação de informar horários de saída e retorno de casa.
- Apreensão do passaporte.
- Justificativa: não havia risco de fuga, pois as acusações já eram públicas e Tagliaferro nunca tentou se esconder.
DEFESA
- Advogado Eduardo Kuntz classificou o pedido do Brasil como “arbitrário e impertinente”.
- Disse que Tagliaferro “não fugiu, não é procurado e está devidamente regularizado na Itália”.
👉 Situação Atual (out/2025):
Tagliaferro permanece em liberdade na Itália, sob restrições de deslocamento, enquanto tramita o pedido de extradição feito pelo Brasil.