Taxa de analfabetismo no Nordeste é o dobro da média brasileira

Os números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que, no Brasil, 11,4 milhões de pessoas com 15 anos ou mais ainda enfrentam dificuldades para ler e escrever uma carta simples. Esse contingente representa cerca de 7% da população nessa faixa etária. Embora tenha havido avanços nas últimas décadas, o Nordeste permanece como a região mais afetada, com uma taxa de analfabetismo de 14,2%, o dobro da média nacional.

Além das disparidades regionais, há marcantes diferenças em termos de raça e idade. As taxas de analfabetismo entre indígenas (16,1%), pretos (10,1%) e pardos (8,8%) são significativamente mais altas do que entre brancos (4,3%). Da mesma forma, a incidência de analfabetismo é menor entre jovens de 15 a 19 anos (1,5%) e mais elevada entre os idosos com mais de 65 anos (20,3%).

A análise municipal revela que 50 municípios brasileiros têm índices de analfabetismo iguais ou superiores a 30%, com a esmagadora maioria localizada no Nordeste. Apenas dois municípios fora dessa região integram esse grupo, ambos em Roraima, no Norte do país.

Entre os estados, Alagoas (17,7%) e Piauí (17,2%) apresentam os piores números, enquanto os 50 municípios com os menores índices de analfabetismo estão concentrados no Sul e Sudeste do Brasil.

Por outro lado, Santa Catarina e o Distrito Federal lideram o ranking de melhores desempenhos, com taxas de analfabetismo de 2,7% e 2,8%, respectivamente. No entanto, persistem desigualdades étnicas, com os percentuais de analfabetismo entre pretos (10,1%) e pardos (8,8%) mais que dobrando os números registrados entre brancos (4,3%).

A situação entre os indígenas é ainda mais preocupante, com uma taxa de analfabetismo quatro vezes superior à dos brancos, atingindo 16,1%.

Embora tenha havido uma redução no analfabetismo entre indígenas de 2010 a 2022, passando de 23,4% para 15,1%, e uma queda significativa na faixa etária de 35 a 44 anos, de 22,9% para 12%, a taxa de analfabetismo entre os idosos ainda reflete a histórica falta de investimento em educação no país.

O IBGE ressalta que a persistência do analfabetismo entre os mais velhos é uma consequência da dívida educacional do Brasil, que vem sendo gradualmente enfrentada, mas ainda é um desafio considerável. Nos últimos anos, tem havido uma melhoria nos índices, com a taxa de analfabetismo entre os idosos de 65 anos ou mais caindo de 38% em 2000 para os atuais 20,3%.

O Censo Demográfico, que é a fonte desses dados, desempenha um papel crucial na compreensão e na abordagem dessas questões, fornecendo informações vitais para a formulação de políticas públicas. Realizado pelo IBGE, o Censo coleta dados por meio de entrevistas presenciais, telefônicas ou preenchimento online, permitindo um retrato socioeconômico abrangente do país.

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