Xamã diz que Governo Federal só vai à terra Yanomami para tirar fotos

O xamã Davi Kopenawa, convidado para o Festival de Cannes em virtude do lançamento do documentário “A Queda do Céu”, abordando a história do povo indígena Yanomami, criticou a atuação do Ministério dos Povos Indígenas. Segundo ele, os representantes do Ministério visitam a comunidade apenas para observar e fotografar, antes de partir.

“Ele [O Governo] só foi lá para dizer que está trabalhando. Isso aí não é verdade, certo?
Isso aí é para enganar você que o Ministério dos Povos Indígenas esta trabalhando. Mas, ele só quer trabalhar na cidade, mas para trabalhar com meu povo, é difícil para ele”
, criticou.

Kopenawa ressalta que há uma percepção equivocada no Brasil de que não existem mais indígenas autênticos no país. O documentário “A Queda do Céu” e o livro associado demonstram que “os indígenas autênticos” estão presentes e que “o povo originário brasileiro está lutando para todo mundo, para segurar aquele céu. Essa é a minha luta, esse é o meu papel de liderança, entendeu?”, questionou. Ele destacou que o “povo da cidade não ouve” as comunidades originárias da floresta, que pertence a “todos nós, indígenas, brasileiros e até estrangeiros”. Ele apelou para que o povo urbano reflita, respeite e pare de destruir ainda mais a floresta.

O documentário e o livro “A Queda do Céu” abordam questões atuais, incluindo as ameaças persistentes enfrentadas pelos Yanomami, pela floresta e pelo planeta. Kopenawa acredita que o filme contribui para a defesa do povo Yanomami e para a luta da Associação Yanomami, ao divulgar a situação dos indígenas.

O antropólogo francês Bruce Albert, colaborador do documentário, estava presente em Cannes. Ele auxiliou Eryk Rocha e Gabriela Carneiro da Cunha no projeto. Albert expressou seu entusiasmo com o filme, que vai além do livro e proporciona “uma imersão completa no universo metafísico e estético” Yanomami.

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