Solto antes do enterro: Justiça libera PM preso em flagrante por matar mulher com quem se relacionava no Grande Recife

Sargento Leonardo Vieira Gomes foi solto menos de 48 horas após o crime. Família da vítima acusa tentativa de forjar suicídio e critica decisão judicial.
O policial militar Leonardo Vieira Gomes, de 40 anos, preso em flagrante por matar a comerciante e estudante de gastronomia Amanda Carolina Pacheco Pereira, de 34 anos, foi solto pela Justiça de Pernambuco antes mesmo do enterro da vítima.
A decisão foi da juíza Brenda Azevedo Paes Barreto Teixeira, do plantão judiciário da Comarca de Jaboatão dos Guararapes, que acatou o parecer do Ministério Público e concedeu liberdade provisória ao sargento sem exigir pagamento de fiança.
O crime aconteceu na manhã de sábado (12), no bairro de Piedade, Região Metropolitana do Recife. Amanda foi baleada no pescoço enquanto estava no apartamento da madrinha, que dormia no momento do disparo. A polícia encontrou a vítima morta com a arma do policial na mão, e o suspeito já havia fugido.
Tentativa de forjar cena de suicídio
A família afirma que a cena do crime foi manipulada por Leonardo, que teria colocado sua arma na mão de Amanda para simular um suicídio. A perícia, segundo parentes, confirmou indícios de alteração no local.
“Ainda que tenha sido um acidente, ele é culpado por estar armado, bebendo e com uma mulher indefesa. Mas a cena foi forjada. Isso não pode ser ignorado”, disse um parente da vítima, sob anonimato.
Soltura antes do sepultamento causa revolta
A família de Amanda recebeu a notícia da liberdade do acusado antes mesmo de conseguir sepultar o corpo. “Há uma incoerência absurda. O crime ainda está sendo apurado, o corpo ainda nem havia sido enterrado, e ele já estava solto”, desabafou um familiar à TV Globo.
Relação era informal, dizem parentes
Amanda e Leonardo estavam se conhecendo há cerca de quatro meses. Segundo relatos, eles se viam esporadicamente. Testemunhas disseram que, momentos antes do crime, os dois estavam rindo e bebendo juntos. Não houve relatos prévios de brigas.
“Ela era uma mulher alegre, inteligente, amava estar com os filhos. Um deles tem apenas 1 ano e 6 meses. Eles estavam se divertindo, e, de repente, tudo acabou em tragédia”, lamentou a família.
Justiça impõe medidas cautelares, mas não exige fiança
Segundo o Tribunal de Justiça de Pernambuco, a soltura está condicionada a medidas cautelares, como:
- Comparecimento mensal à Justiça;
- Proibição de mudar de residência sem aviso;
- Manutenção de atividade lícita (estudo/trabalho);
- Manter número de telefone atualizado.
A juíza alegou que não há indicativos de que Leonardo vá atrapalhar o processo, já que tem residência fixa e está na ativa como PM. O Ministério Público também se posicionou contra a prisão preventiva.
A Corregedoria da PM de Pernambuco deve acompanhar o caso, mas ainda não se pronunciou sobre um possível afastamento do policial.