Deputado leva “ex-trans” à Câmara para criticar ONG de crianças trans

Na última quarta-feira, dia 05, durante a sessão da Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara dos Deputados, o deputado Pastor Eurico (PL-PE) trouxe um homem que se autodenomina “ex-trans” para respaldar seu discurso. O debate na sessão girava em torno de uma moção de repúdio direcionada a uma ONG que levou “crianças trans” para participar da Parada Gay de São Paulo, ocorrida no domingo anterior (2/6). A solicitação da moção partiu do próprio Eurico, que preside a comissão.

Durante sua intervenção em apoio à moção, o parlamentar do PL mencionou o caso de um indivíduo chamado Helder Oliveira, presente na sessão e que se manifestou quando seu nome foi citado pelo deputado. Eurico declarou que o homem teria passado por um processo para “remover os seios e as nádegas” após decidir deixar de ser uma mulher trans. Segundo o relato do deputado, Helder teria renunciado à sua identidade trans após uma conversão religiosa para o evangelicalismo.

Veja no vídeo abaixo trecho da sessão:

“Amigo Helder, me desculpe citar seu nome aqui. Com todo respeito a sua pessoa. Quem vê tuas fotos, muita mulher perde para tuas fotos quando estava naquela situação. Mas tu tiveste coragem. Tu destes meia-volta. Eu sei o que tu sofrestes para tirar os seios e as nádegas. Tu és um homem hoje. Hétero, casado e com filho. Conheci tua esposa e teus filhos”, afirmou o deputado pastor. Eurico também sugeriu que a presença de Helder ali “desmentia a narrativa de que alguém nasce gay e morre gay”, o que implicava uma defesa velada da assim chamada “cura gay”, uma prática proibida pelo Supremo Tribunal Federal.

“(Ele) está aqui provando que essa história que nasceu gay e vai morrer gay, isso é mentira do cão e ‘tratação’ do inferno. Nós defendemos que o cidadão pode ser o que quiser, mas se ele quiser voltar a sua vida natural com ele nasceu, que ele volte. E vamos defender, porque isso é possível. Portanto presidente, essa nota de repúdio, não existe criança trans. Existe um monte de marmanjo frustrado que quer fabricar crianças trans. Menino nasce menino, menina nasce menina, homem nasce homem, mulher nasce mulher”, concluiu Eurico.

A moção de repúdio contra a ONG “Minha Criança Trans” foi aprovada pela comissão de forma simbólica, com manifestações contrárias das deputadas Lídice da Mata (PSB-BA) e Erika Kokay (PT-DF).

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